12 de junho de 2012 – Uma nova forma de viver no planeta será o foco das discussões de representantes da sociedade civil, de organizações e movimentos sociais durante a Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, de 15 a 23 de junho. Os debates, no Aterro do Flamengo, ocorrerão paralelamente à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Em 20 de junho será comemorado o Dia da Mobilização Internacional e estão programadas várias manifestações. A principal ocorrerá no Rio, mas há também protestos organizados em outras cidades. Na capital fluminense, a concentração será no centro da cidade.
No entanto, vários temas serão debatidos nas plenárias durante a Cúpula dos Povos, como os direitos por justiça social e ambiental, a defesa dos bens comuns contra a mercantilização da natureza, a soberania alimentar e a energia, as indústrias extrativas, outra economia e novos paradigmas para a sociedade.
Na Assembleia dos Povos, quando será definido o documento final da cúpula, os eixos são as causas estruturais da crise econômica internacional e as falsas soluções, soluções e novos paradigmas dos povos e a agenda de lutas e campanha. Ao longo dos oito dias de discussões na cúpula, haverá ainda uma série de eventos culturais.
Entenda os três eixos que norteiam a Cúpula
Denunciar as causas da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer movimentos sociais do Brasil e do mundo. Quem participar da Cúpula dos Povos na Rio+20, entre 15 e 23 de junho, vai encontrar uma programação estruturada nesses três pilares.
O Grupo de Articulação da Cúpula, formado por mais de 50 redes nacionais e internacionais, identificou os principais temas a serem debatidos durante a conferência e dividiu essas abordagens em três eixos, que servirão como um ‘guia prático’ das atividades.
O primeiro eixo tem um caráter crítico. Com a denúncia das causas estruturais das crises, das falsas soluções e das novas formas de reprodução do capital, a Cúpula pretende expor à sociedade civil as razões dos problemas de ordem social e ambiental do planeta – ao contrário da Rio+20, como lembra Ivo Lesbaupin, da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong).
“A Rio+20 vai esconder essas causas. No Rascunho Zero do documento oficial, não são citadas as causas dos desastres ambientais. E por que não? Porque, com a omissão, fica mais fácil de não resolver”, lembra Lesbaupin. “Basta pensarmos nas causas do desmatamento, por exemplo, e veremos que o agronegócio é a causa por trás disso. É só olhar para a Amazônia para perceber que a exploração dos recursos da floresta é permitida e que as fronteiras do agronegócio estão se expandindo cada vez mais”.
Como o atual sistema econômico também é visto pela Cúpula como um entrave ao desenvolvimento verdadeiramente sustentável, a Rio+20 é entendida como um evento de falsas soluções. “O modelo econômico se baseia na alta produção e no alto consumo. Com a crise, o capitalismo está encontrando uma nova forma de aumentar esses índices: explorando e mercantilizando os recursos naturais do planeta. Por isso, a economia verde é uma farsa. Não é solução, é agravante”, destaca Lesbaupin.
As soluções já existem
Com a participação de representantes de diversos países, a Cúpula vai apresentar soluções e novos paradigmas dos povos para os problemas mais graves enfrentados hoje no mundo. Na opinião de Ivo, este é o principal eixo do evento. “A nossa crítica terá mais força ao apresentarmos as soluções”.
Muitas das soluções que serão apresentadas durante o evento já são praticadas. Contudo, como ressalta Ivo, não têm visibilidade. “Muitas práticas não são difundidas, ficam restritas a uma região, e não são assumidas pelos governos. Mas vamos mostrar que é possível fazer diferente, valorizar as soluções dos povos e levar práticas em vez de teorias”.
Ivo cita três importantes iniciativas. Uma delas é a agroecologia, que permite a produção de produtos agrícolas sem o uso de agrotóxicos, não maltrata o solo e gera empregos e renda ao estimular a agricultura familiar.
Outra prática é a da economia solidária, que valoriza, acima de tudo, o capital humano, com base no cooperativismo para a produção de bens e serviços. Além desses modos de produção alternativos, a Cúpula também vai dar visibilidade a tecnologias sociais, como a construção de cisternas sustentáveis no semiárido nordestino.
Por fim, o terceiro eixo vai estimular organizações e movimentos sociais a articular processos de luta anticapitalista pós-Rio+20. Para isso, durante o encontro, os grupos deverão integrar agendas e campanhas. “É preciso ter mobilizações cada vez mais fortalecidas. A Cúpula quer deixar esse legado”, declara Ivo.
Leia Mais: http://cupuladospovos.org.br/
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